Ainda há máquinas que dão trabalho

Os ‘maquinistas’ da quarta revolução industrial querem-se especializados mas também com uma visão multidisciplinar: programadores de fresadoras CNC, técnicos de mecatrónica, soldadores e engenheiros de soldadura, operadores de impressoras 3D, costureiros, especialistas em desenho assistido por computador. A lista de profissões é extensa e cada uma aplica-se, em simultâneo, a alguns dos sectores industriais com o melhor desempenho a nível nacional (como o têxtil, o calçado ou a metalurgia). Todas partilham do mesmo hipocentro: são máquinas que as fazem existir. E isto acontece no mesmo mundo que emite alertas sucessivos da substituição do homem pela máquina — o Fórum Económico Mundial prevê o desaparecimento de cinco milhões de empregos até 2020.

São cada vez mais as vozes que pedem mão de obra especializada e atualizada, pois em todo o sector industrial, as máquinas são criadoras de emprego líquido. Não há um profissional de metalomecânica inscrito num centro de emprego, tanto pelo crescimento do sector, alavancado pelo aumento das exportações, como pela sua modernização. O que acontece é que as novas tecnologias trouxeram um emprego diferente, muito mais qualificado.

Neste adeus aos tempos modernos, monitores, teclados e joysticks substituem a alta velocidade o peso de tambores de aço e de engrenagens rudimentares nas mais diversas indústrias. Mas a imagem generalizada da fábrica continua a emergir a preto e branco — e de forma pouca apelativa — à vista das camadas mais jovens. Se antes operar uma máquina dependia de características como a resistência e a destreza manual e física, agora as máquinas são controladas através de computadores e trabalham sozinhas. Já não são trabalhos fisicamente exaustivos nem sujos e os equipamentos de proteção e condições de trabalho tornaram-se mais sofisticados.  O mercado requer pessoas com altas qualificações, que são bem pagas por isso. E além do emprego garantido, aqui não existem precários, prevendo-se que as diferentes indústrias cresçam em força nos próximos anos.

Se é crescente a necessidade de especialistas hábeis para construir a partir do bruto e a partir do nada, o mercado também exige profissionais que saibam ligar as peças. Na área da soldadura, seja na parte técnica ou de engenharia, a empregabilidade aproxima-se dos 100% e calcula-se uma necessidade de mais de um milhão de soldadores até 2020 na Europa.

Ainda não existe nada (robôs) que substitua esta profissão, sobretudo no caso dos procedimentos a laser (na soldadura por resistência, a automação já dá passos consistentes). Há apenas, neste momento, instrumentos que apoiam e facilitam o trabalho, para que de barras metálicas se façam bicicletas, janelas e aviões, ainda com um pequeno cunho artesanal.

 

Fonte: Expresso